FIM DE TARDE por Juliana Yume

18:00


Mas chega o fim do dia e eu me lembro que só tenho a mim mesma. Só tenho a mim, e aos meus medos, minhas inseguranças, minhas neuroses, meus exageros, minhas dramatizações. Chega o fim do dia e eu me lembro de que serei minha própria companhia até o fim dos tempos. Só eu terei que aguentar integralmente minhas ansiedades, meus medos infundados e minha falta de motivação. Chega o fim do dia e eu me lembro que sempre serei tudo o que eu tenho. Mas hoje, daqui dessa janela, eu percebo que não dá para ver o céu.

Eu percebo como é agonizante a sensação de se estar preso. Mas me sinto mais claustrofóbica dentro de mim mesma do que dentro do meu quarto sem vista de céu. Porque hoje, e só hoje, eu descobri que se eu só tenho a mim, que eu seja então a minha melhor companhia. E que eu veja beleza nos meus detalhes feios, naqueles cortes antigos e nas falhas que se tornaram crônicas. Que eu seja boa para mim mesma, porque defeitos e qualidades dependem do ponto de vista, mas o amor próprio não.

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