MANIAS NOSSAS DE CADA DIA - por Juliana Yume
14:27Cada um de nós possui alguma característica excêntrica, aquela mania que os amigos costumam zoar, aquele hábito que não conseguimos largar. Conheço um garoto que, por exemplo, só come feijão se estiver debaixo do arroz, e não adianta explicar que o gosto será o mesmo e tudo irá se misturar quando ele engolir. Ele não come e ponto. E, ainda por cima, dá a desculpa de que precisa colocar desse jeito para não perceber que está comendo feijão.
O meu irmão também é um bom exemplo disso: ele só veste camisa de cor clara caso a bermuda seja mais escura. Mesmo que visualmente não haja muita diferença, e que o estilo - e a personalidade - dele não sejam alteradas por isso, ele afirma se sentir muito desconfortável vestindo bermudas claras, e não há quem o faça mudar de ideia.
Eu também não me excluo disso: sou cheia das manias diferenciadas e estranhas, como por exemplo: Dificilmente termino minha refeição. Sempre sobra a ultima mordida do lanche, a ultima colherada de arroz, o ultimo gole do milkshake. Por algum motivo desconhecido toda a minha fome desaparece no ultimo pedaço, e eu sinto que vomitaria se comesse um pouco mais. Mas é claro que evito ter que desperdiçar o alimento, opto por oferecer a outras pessoas ou guardar para mais tarde.
Mas esse não é o pior. No ensino médio, por alguma força maior, adquiri o péssimo habito de não ler alguns livros até o final. Sempre amei ler e já li diversos livros, mas ultimamente ando deixando muitos de lado nas ultimas dez paginas. As vezes volto para termina-los meses depois.
E por ultimo, percebi também que não termino os cursos que começo. Já fiz aulas de violão, teclado, canto, natação, tênis, balé, teatro, futebol, dança de salão e não dei continuidade a nenhum deles. Acho que as únicas coisas que finalizei na vida foram o inglês e o colégio.
Por mais óbvio que possa parecer agora, eu nunca havia notado a semelhança entre esses hábitos. Agora consigo perceber a dura realidade: não sei lidar com finais. Eu os evito, interrompo previamente só para não sentir que chegou ao fim.
Talvez seja um fardo coletivo, o mau do século 21, o problema da nossa geração. Não sei dizer, apenas odeio finais e ainda não aprendi a lidar com eles.
Confesso a vocês que a minha aversão a finais me causa certa dificuldades em finalizar textos - e por um longo tempo refleti sobre como poderia encerrar esse. Porém, resolvi citar uma das minhas frases favoritas e trecho de uma musica do Caetano: Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Não é verdade? Mesmo que a pessoa aparente ter hábitos admiráveis (como força de vontade para correr e se exercitar diariamente) ou manias não aconselháveis (como não terminar tudo que começa) só nós mesmos conhecemos os prós e os contras de sermos quem somos.
Por Juliana Yume
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